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O que a política separou, só a Copa do Mundo vai unir?

by Rodrigo Rod
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Tradicionalmente, a Copa do Mundo acontece no meio do ano, mas, em 2022, por questões climáticas, ela acontecerá em novembro. Pela primeira vez, ela será realizada após o período eleitoral brasileiro, em um ano caracterizado por uma grande polarização e que trouxe à tona desavenças políticas e ideológicas para o círculo social e familiar. Seria o futebol responsável por unir o brasileiro novamente?

Para Maria Raquel, antropóloga, professora de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UERJ, o futebol sempre foi um fenômeno muito potente em criar um senso de coletividade e um pertencimento simbólico a algo em comum: a identidade de ser brasileiro. “O mundo futebolístico, no entanto, não passou ileso e tende a ser cada vez mais atravessado pela política, o que é positivo. Não é possível saber se a Copa terá o poder de curar todas as fraturas, mas certamente será uma boa oportunidade de olhar para a frente e fazer seguir o jogo”, afirma.

No próximo domingo, 30, acontece o segundo turno das eleições de 2022 . Além do desgaste natural de uma campanha eleitoral, esta é de fortes emoções para os brasileiros. De acordo com a última pesquisa divulgada pelo Datafolha, 49, 50% dos eleitores se negam a votar em Bolsonaro e 46% dizem não votar de jeito nenhum em Lula. Ou seja, independentemente de quem seja eleito, quase metade da população não ficará contente com o próximo chefe do Executivo.

Para a bancária Andrea Santos, 43, as pessoas estão em um nível de saturação sem precedentes na história da democracia brasileira e afirma que em seu convívio social e familiar todos estão se sentindo cansados e ansiosos . “Todos os dias somos bombardeados com uma avalanche de mensagens sórdidas e tóxicas. Uma verdadeira indústria de fake news que nos cansa, nos exaure, nos esgota. Isso tem impactos diretos na nossa saúde física, mental e espiritual”, comenta.

Os profissionais de saúde também têm sentido que a tensão constante provocada pela polarização tem levado muitas pessoas a buscarem ajuda. A psicóloga clínica Vanuza Santos observa queixas de pacientes atreladas ao processo eleitoral. “Esses enfrentamentos rotineiros pela defesa do candidato influenciam o funcionamento emocional e comportamental, podendo ocasionar conflitos nos relacionamentos interpessoais, gerando ansiedade, estresse, humor deprimido, entre tantos outros”, comenta.

A psicóloga relata que após o primeiro turno recebeu uma nova paciente em seu consultório com crises severas de ansiedade. “Logo após o resultado das urnas, deu início ao surgimento de diversos sintomas físicos e psicológicos diários. Ela buscou auxílio psiquiátrico para obter suporte medicamentoso, além de iniciar a terapia cognitivo-comportamental semanalmente. Nesse caso, o motivo para iniciar o tratamento foi a difícil convivência com pessoas da família e do ambiente de trabalho com o posicionamento contrário. A paciente demonstrava uma preocupação excessiva com o resultado do segundo turno, ao ponto de não conseguir realizar atividades simples da rotina, e se percebia completamente paralisada”, declara.

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